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Audiência na Alerj discute violência policial contra mulheres

  • Foto do escritor: Matheus Miranda
    Matheus Miranda
  • há 1 dia
  • 2 min de leitura

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A Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) realizou, nesta terça-feira (9), uma audiência pública para discutir políticas de enfrentamento à violência estatal contra mulheres. O encontro reuniu representantes da sociedade civil, do Ministério Público e de organizações de pesquisa, que apresentaram dados e relataram impactos diretos e indiretos das operações policiais em territórios periféricos do estado.


Segundo levantamento do Instituto Fogo Cruzado, 28 mulheres foram baleadas em ações policiais no Rio de Janeiro em 2025, com maior concentração nos complexos da Penha, Maré, Alemão, Jacarezinho e Acari. Os dados reforçaram o alerta sobre um tipo de violência frequentemente invisibilizada, segundo a presidente da Comissão, deputada Renata Souza (Psol).


“Foi possível perceber como as operações policiais deixam impactos profundos na vida dessas mulheres. A audiência serviu justamente para escutá-las e, com a contribuição da sociedade civil e do Ministério Público, construir medidas efetivas para coibir essa violência estatal”, afirmou a parlamentar.


Violência marcada por cor e território

A pesquisadora do Instituto Fogo Cruzado, Íris Rosa, destacou que a violência estatal que atinge mulheres é atravessada por recortes de raça e território. Segundo ela, as vítimas estão majoritariamente em áreas

periféricas e compostas por população negra.


“Esse cenário evidencia a urgência de uma política de segurança pública orientada por critérios científicos, com controle externo efetivo das ações policiais e construída em diálogo com a sociedade”, afirmou.


O procurador da República Eduardo Benones, do Ministério Público Federal, reforçou que a violência precisa ser analisada a partir da perspectiva estrutural de gênero, raça e território. Para ele, políticas paliativas não são suficientes.


“Os sentidos que organizam a vida social são masculinos e resultam de uma construção patriarcal. Sem enfrentar essas estruturas, a política de segurança seguirá reproduzindo desigualdades que atingem principalmente as mães nas comunidades”, disse.


Impactos indiretos e traumas permanentes


Além dos casos de letalidade, os impactos indiretos das operações também foram destaque. Representante da Redes da Maré, Tainá Alvarenga relatou que, somente nas ações realizadas em agosto na Maré, mais de 40 residências foram violadas, muitas delas chefiadas por mulheres.


“A entrada de agentes em casas abre um leque de violações e provoca traumas que afetam diretamente o psicológico das mulheres. Isso amplia o medo, a intimidação e a insegurança no cotidiano”, afirmou.


Para a representante do Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ), Patrícia Carvão, as mulheres também são as mais impactadas no pós-operação.


“São majoritariamente elas que permanecem nos territórios, buscando informações e identificando corpos de familiares. Esse é o momento de maior dor. Há necessidade de maior atenção dos órgãos públicos a essas mulheres”, destacou.


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